sexta-feira, 20 de julho de 2012

E O PISO VIROU TETO: a tabela do SATED e o desprezo pela meritocracia.

E o piso virou teto. E o teto foi congelado. E a diária de OITO horas virou DEZ, ONZE, DOZE... Dane-se quanto tempo você fique trabalhando; o que importa é que você tem hora para chegar, mas não para sair. Ah, e o cachê será o mesmo. Promoção:" trabalhe doze, treze, quatorze, quinze horas e ganhe uma diária de oito." É assim que a gigantesca maioria das empresas de locação de equipamentos de som e iluminação faz. Já no teatro... Há um axioma (para os técnicos) no meio teatral: quanto mais experiência você tem, proporcionalmente menos você ganhará. Os meus vinte anos de experiência, o investimento que eu fiz em cursos (caríssimos, por sinal. Liguem, por exemplo, para o IAV e perguntem quanto custa o curso Fundamentos Básicos de Áudio e Acústica), os trinta espetáculos teatrais que fiz, as 28 óperas e os incontáveis shows e eventos não dizem nada para as produções teatrais. Vão oferecer o mesmo cachê que ofereceriam ao Zezinho apertador de botões que acabou de começar. A meritocracia não existe para a grande maioria das produções. No fundo, o que a grande maioria dos produtores de teatro querem dizer é: "estude filho, mas não me cobre por isso." E tome tabela, e tome o piso que virou teto! Quando pagam o piso. E quando pagam, acham um luxo. Claro que há orçamentos e orçamentos. Claro que há produções e produções. Assim como há técnicos e técnicos -- mas aqui somos nivelados por baixo. A grande verdade é essa: oferecem-me hoje, valores que eu já ganhava em 2002. E em dez anos o valor do ingresso aumentou, a locação do teatro e dos equipamentos também, só o cachê dos técnicos que não. Tenho a sorte de trabalhar com pessoas que reconhecem o meu trabalho, pessoas que têm a meritocracia como valor; nivelam por cima e, acima de tudo, respeitam e reconhecem o trabalho de cada integrante de um espetáculo teatral.

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